quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Em tempos de Avivamento!

A Reforma Protestante, no século 16, com Lutero, Zuínglio, Calvino e Menno Simons, e tantos outros, foi na verdade resultado de um período difícil que o cristianismo enfrentava, uma crise religiosa de impacto profundo foi desencadeada dentro da igreja. Era o grito de socorro, um clamor por avivamento, para a igreja voltar ao cristianismo primitivo, voltar para a Bíblia Sagrada. Essa "crise religiosa" provocou uma mudança brusca, profunda, tanto é que provocou uma "Reforma". 

A igreja do Senhor Jesus como comunidade eclesiástica que é, nos últimos anos tem passado por uma diversidade de movimentos, ventos doutrinários e assim por diante. As bandeiras denominacionais estão mais visíveis que a figura de Jesus, perdemos um pouco da nossa identidade e fugimos de nossas origens. A teologia não é mais sobre Deus e sua relação para com o homem; agora estudamos o homem e obrigamos Deus a encontrar um espaço secundário na vida deste. Paulo pregava sobre "toda sorte de bênçãos espirituais", e nós pregamos "toda sorte de bênçãos materiais".

Precisamos viver uma crise religiosa que no faça mudar e voltar à essência do que é de fato ser igreja. Todo grande avivamento nas sagradas escrituras foi resultado de uma grande crise religiosa, uma frieza espiritual, uma ausência e distância de Deus. Em Gênesis com Noé; em Êxodo com Moisés; em Juízes com os libertadores; na monarquia com os profetas e reis; no Novo Testamento com a igreja de Atos e os apóstolos. E assim segue a seqüência até nossos dias. 

Avivamento é resposta de uma reforma, uma mudança genuína através de um real arrependimento. A crise produz mudança, a ausência dela comodismo. Vejamos a igreja de efésios, elogiada por Paulo, mas trinta anos depois estava a ponto de ser vomitada pelo Senhor Jesus em Apocalipse.  

A verdade é que estamos cansados de movimentos, ventos de doutrinas, e outras coisas, queremos e precisamos de uma reforma que gere avivamento. Que as crises não te faça acomodar, mas que elas possam gerar arrependimento, mudança, e assim você possa viver um grande mover de Deus.

No amor daquele que nos amou primeiro,

Pastor Cássio Caio


segunda-feira, 17 de março de 2014

Marcados para Marcar

Uma geração que marca, é uma geração que primeiro, foi marcada. Só damos daquilo que temos. Ninguém pode oferecer algo que não tem.

Todo encontro com Jesus deixava uma marca: Jacó foi marcado e sua vida mudada; Samuel ainda criança foi marcado para ser profeta; Elias teve seu ministério reanimado; Jeremias foi marcado no ventre de sua mãe; o profeta Amós era boiadeiro, mas foi marcado para ser profeta e boca de Deus na terra; Paulo viu os céus abertos a caminho de Damasco, e foi o maior nome da NT depois de Jesus.

Deus trabalha com propósito, ele te chamou para um propósito. Fomos marcado e selados pelo Espírito Santo para que algo do céu aconteça na terra. É tempo de mudar histórias. Fomos marcados e precisamos deixar nossa marca, mostrando a marca de Cristo em nós. 

1 – A marca da Promessa - Em Gênesis 28 após um sonho e ter a promessa alimentada, Jacó edifica um altar e deixa uma marca, um sinal. Betel, a casa de Deus. Aquele altar era uma marca que dizia que a promessa iria se cumprir.

2 – A marca da Vitória - Em 1 Samuel 7:12, após uma vitória o profeta Samuel edifica um altar e diz: Ebenézer, mais  vez nos ajudou o Senhor. Aquele altar era uma marca visível de que Deus lhes havia dado vitória.

3 – A marca da decisão - Em Josué 24:26-28, após uma grande decisão, Josué levanta um monumento de pedras, e diz que aquelas pedras seriam testemunhas da decisão firmada pelo povo de servir ao Senhor.

Deus escolheu você, é tempo de levantar o teu altar e começar a marcar esta geração. Uma geração que marca é uma geração que primeiro foi marcada. Uma geração que marca é uma geração que carrega as marcas de Cristo. Jesus marcou tua história para que você possa marcar a história de alguém. Uma geração que marca é uma geração capaz de carregar a Glória de Deus, viver as marcas de uma vida santa.

Deus escolheu você, não adianta fugir do propósito de Deus; quando você é o propósito, Deus estará focado em você. Se levante para cumprir tua missão e marca esta geração.

Gálatas 6:17 


No amor daquele que nos amou, 
Pastor Cássio Caio

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Os Cavaleiros do Apocalipse

A grande tribulação vai começar com a abertura dos sete selos mencionados à partir do capítulo 6 de Apocalipse. Cristo se refere a esse período como uma tribulação tão grande, como nunca houve no mundo. Durante a grande tribulação Deus permitirá que o pecado desenvolva seus trágicos resultados. A mão de Deus será retirada tanto do homem como do animal. A terra se encherá de guerras, fome, e pestilência. E os que tenham rejeitado o Filho de Deus ou o tenham exposto à vergonha, virá grande juízo sobre eles. Como cristãos, podemos esperar por Cristo e não pela calamidade, porque o nosso Salvador virá para nos buscar e livrar-nos. 

Os Cavaleiros do Apocalipse são mencionados no capítulo 6 de apocalipse, e estão envolvidos em quatro dos sete selos. Ao mencioná-los, quero inverter a ordem, e começar pelo último cavalo e seu cavaleiro:

1. Um Cavalo Amarelo  - Quando o quarto selo é aberto surge um cavalo amarelo com seu cavaleiro chamado morte. Esse cavaleiro tem autoridade para matar com espada, fome, e guerra. 

2. Um Cavalo Preto - Tempos difíceis, escassez, o básico a preço de ouro. O terceiro selo revela um mundo de trevas, escuridão, tempos difíceis, falta de tudo.

3. Um Cavalo Vermelho - Seu nome é Guerra Universal. A paz vai acabar, ele é possuidor de uma grande espada. Sua cor revela o sangue que será derramado sobre a terra, uma guerra mundial será anunciada. 

4. Um Cavalo Branco - O primeiro selo vem antes de todas as catástrofes e calamidades sobre a terra. A boa noticia para o servo de Deus é justamente a presença desse cavalo e seu cavaleiro antes dos outros três, o cavaleiro do cavalo branco vem primeiro. Como igreja viveremos momentos difíceis, mas não seremos parte da grande tribulação, seremos alcançados pelo Cavaleiro do Cavalo Branco. Seu nome não é morte, Ele venceu à morte; seu nome não é escassez, Ele tem vida abundante; seu nome não é guerra, Ele é o Senhor da Paz, Jeová Shalom; seu nome não é fome, Ele é o pão vivo que desceu do céu. 

Esse cavaleiro é o próprio Cristo Jesus. A abertura do primeiro selo revela que ele saiu vencendo para vencer. Para o fiel, esse verá os céus abertos (Ap. 19:11), com o seu cavaleiro, o Fiel e Verdadeiro. Portanto, prepara-te, Jesus está voltando, e chegará o tempo em que não haverá mais tempo (Mt. 25:31-46). Referência: Apocalipse 6:1-8.

No amor daquele que nos amou,
Pastor Cássio Caio
@prcassiocaio

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Quando preciso voltar?

A sociedade vive uma correria desenfreada, as pessoas estão sempre em desenvolvimento, procuram a todo instante melhorar, progredir, avançar. E isso não é um erro, devemos sempre seguir em frente, não podemos nos prender ao passado ou pensar em retroceder. Até mesmo Jesus disse que quem põe a mão no arado e olha para traz não é digno do Reino. Paulo disse aos filipenses que era preciso esquecer as coisas que para traz ficam e avançar para as que estão adiante. 

Mas em Gênesis 12 e 13, é possível encontrar um desses poucos momentos em que a Bíblia nos orienta a voltar; o relato destes capítulos nos mostra quando é preciso voltar. No capítulo 12 Deus aparece para Abrão, o chama e faz promessas, este então edificou um Altar ao Senhor. Porém, o capítulo 13 relata que após este fato, houve fome na terra e então Abrão desce para o Egito. Depois de um tempo no Egito, Abrão reconhece a necessidade de voltar, e este é o nosso ponto, a necessidade de voltar, quando preciso voltar? Os versículos 3 e 4 do capítulo 13 relata que Abrão fez sua jornada de volta para o lugar do Altar, onde primeiro estivera sua tenda.

Quando preciso voltar?

1. Quando perdemos o referencial na fé
O Egito nunca esta associado ao propósito de Deus para a vida do homem. Egito está ligado ao paganismo, a idolatria, escravidão e outras coisas mais. O referencial na fé é a terra da promessa, não o Egito. Quando perdemos nosso referencial na fé, então precisamos voltar.

2. Quando perdemos o centro da devoção
O altar levantado por Abrão não estava no Egito. Quando nos afastamos do altar, do centro da devoção, do lugar da adoração, então se faz urgente a necessidade de voltar.

3. Quando a tragédia acontecer
Para o homem ou mulher de Deus, abandonar o altar é uma tragédia. Descer ao Egito é uma tragédia. Abrimos portas e legalidades para que o inimigo toque em nossas vidas. No Egito Faraó tentou contra a vida conjugal de Abrão, mas Deus em misericórdia puniu Faraó. Quando a tragédia bater na sua porta, então é preciso voltar.

4. Quando um milagre se faz necessário
Não há milagres para o homem de Deus longe do altar. 

Quando preciso voltar? Quando na jornada cristã eu me esqueço de quem Deus é e permito que os conflitos e circunstâncias sejam maiores que meu referencial na fé; Quando me esqueço de atribuir a Jesus minha devoção e adoração, e me torno egoísta, abandonando tudo e todos para descer ao Egito; Quando não tem mais opções, a tragédia veio, o trauma, a frustração, a decepção, e agora o único meio de cura e restauração, é voltar para o lugar do altar; Quando reconheço minhas limitações, reconheço a necessidade de viver no altar, então os milagres que busco, por uma decisão de voltar para o altar, se tornarão uma realidade. 

Voltar para o altar não é retroceder, é avançar. Voltar para o altar é voltar para o lugar da promessa, o lugar onde Deus aparece e manifesta seu poder. Quando preciso voltar? Quando me afasto do altar.

Deus te abençoe poderosamente, decida voltar para o altar e colocar sua vida no altar.

Em Cristo Jesus,
Pr.Cássio Caio

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Movimento Continua


A crença do filósofo Voltaire. A Bíblia e o Cristianismo acabariam dentro de algumas centenas de anos. Ele morreu em 1778. O movimento continua.

O pronunciamento de Friedrich Nietzsche em 1882. "Deus está morto". O surgimento da ciência, cria ele, seria a destruição da fé. A ciência surgiu, o movimento continua.

A descoberta feita por qualquer pessoa que tenha tentado enterrar a fé. A mesma feita por todos os que tentaram enterrar seu fundador. Ele não permaneceu no túmulo.

Os fatos. O movimento nunca foi tão forte. É incontável o número de cristãos.

A questão. Como explicar isto? Jesus nunca escreveu um livro, nunca gerenciou um escritório. Nunca viajou mais do que 320 quilômetros distante de sua terra natal. Os amigos o abandonaram. Um o traiu. Os que ele ajudou esqueceram-se dEle. Foi abandonado antes de sua morte. Mas após sua morte eles não puderam resisti-lo. O que fez esta diferença?

A resposta. Sua morte e ressurreição.
Porque quando Ele morreu, seus pecados também morreram.
Quando Ele ressuscitou, sua esperança também ressuscitou.
Quando Ele ressuscitou, seu túmulo foi transformado de residência final em pousada temporária.

O motivo por que Ele fez isto? O rosto que você vê no espelho.

O veredicto após dois milênios. Herodes estava certo: só há lugar apenas para um rei.

LUCADO, Max. Ele Escolheu os Cravos. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. p. 126 - 127.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Não te abandonarei


Madeline, apenas cinco anos, pulou no colo de seu pai.
— Você já terminou de comer? — pergunta ele.
Ela sorri e bate com a mãozinha na barriga.
— Não cabe mais nada.
— Comeu o bolo da vovó?
— Um pedaço inteirinho!
Joe olhou para sua mãe, que estava no outro lado da mesa.
— Parece que estamos todos satisfeitos. Não poderemos fazer mais nada esta noite a não ser ir para a cama.
Madeline pôs suas pequenas mãozinhas nos lados do rosto de seu pai.
— Mas papai, hoje é véspera de Natal. Disse que poderíamos dançar.
Joe fingiu não se lembrar.
— Disse isso? Não lembro de haver dito nada sobre dançar.
A vovó sorriu e passou a mão pela cabeça da menina enquanto começava a recolher as coisas da mesa.
— Mas papai — rogou Madeline —, nós sempre dançamos na véspera de Natal. Só você e eu, lembra?
Um sorriso se desenhou sob o grosso bigode do pai.
— É claro que lembro, querida. Como poderia esquecer?
E dizendo isso, ficou em pé, tomou a mãozinha dela na sua e, por um momento, só por um momento, sua esposa estava viva de novo e os dois entravam no quartinho para passar juntos outra véspera de Natal como outras tantas que tinham passado, dançando até a madrugada.
Teriam podido dançar o resto de suas vidas, mas veio a inesperada gravidez e as complicações. Madeline sobreviveu, mas sua mãe não. E Joe, o rude açougueiro de Minnesota, ficou sozinho para criar Madeline.
— Vêm papai — lhe disse, puxando-o pela mão —. Dancemos antes de que cheguem.
Ela tinha razão. Logo soaria a campainha da porta e os familiares encheriam a casa e a noite seria já algo do passado.
Mas por enquanto, só estavam papai e Madeline.

*

A rebeldia atacou o mundo de Joe como uma tempestade de neve a Minnesota.
Quando já tinha idade suficiente para dirigir um automóvel, Madeline decidiu que era suficiente adulta para dirigir sua própria vida. E essa vida não incluía seu pai.
«Devia ter imaginado», diria Joe mais tarde, «mas por minha vida que não o fiz». Não soubera o que fazer. Não sabia como lidar com narizes com piercings nem com blusas apertadas. Não entendia de baladas nem de notas ruins. E, o que é pior, não sabia quando falar e quando guardar silêncio.
Ela, por outro lado, sabia tudo. Quando falar com seu pai: Nunca. Quando ficar calada: Sempre. Entretanto, as coisas eram inversas com seu amigo da rua, aquele moço fracote e tatuado. Não era um bom moço, e Joe sabia.
Não ia permitir que sua filha passasse a véspera de Natal com esse moço.
«Passará a noite conosco, senhorita. Comerá o bolo da vovó na ceia em sua casa. Celebraremos juntos a véspera de Natal».
Embora estivessem sentados à mesma mesa, perecia que estavam em pontos diferentes da cidade. Madeline brincava com a comida sem dizer uma palavra. A avó tentava conversar com Joe, mas ele não estava com humor para conversar. Uma parte dele estava furiosa; a outra parte estava desconsolada. E o resto dele teria dado qualquer coisa para saber como falar com esta menina que antigamente se sentava em seus joelhos.
Chegaram os familiares trazendo com eles um bem-vindo final ao desagradável silêncio. Com a sala cheia de ruídos e gente, Joe se manteve em um extremo e Madeline no outro.
«Ponha música, Joe», lembrou-lhe um de seus irmãos. Assim fez.
Pensando que seria uma boa idéia, dirigiu-se para onde estava sua filha: «Dançaria com seu papai esta noite?»
Pela forma como ela bufou e se voltou, poderia se pensar que lhe havia falado algo insultante. Diante da vista de toda a família, dirigiu-se para a porta da rua, abriu-a, e se foi, deixando seu pai sozinho.
Muito sozinho.

*

Madeline voltou essa noite mas não por muito tempo. Joe nunca falhou com ela, para que ela fosse embora. Depois de tudo, o que significa ser filha de um açougueiro? Em seus últimos dias juntos, ele fez tudo o que pôde.
Cozinhou a comida favorita dela. Ela não tinha apetite.
Convidou-a para ir ao cinema. Ela se fechou em seu quarto.
Comprou-lhe um vestido novo. Ela não agradeceu.
Até que chegou aquele dia primaveril em que ele saiu cedo de seu trabalho para estar em casa quando ela chegasse da escola.
Desde esse dia, ela nunca mais voltou para casa.
Um amigo a viu perto da estação de ônibus, junto com seu namorado. As autoridades confirmaram a compra de duas passagens para Chicago; para onde foram dali, ninguém sabe.

*

O rapaz magrelo das tatuagens tinha um primo, que trabalhava no turno da noite em uma loja ao sul de Houston. Por uns poucos dólares por mês permitia aos fugitivos permanecer em seu apartamento de noite, mas durante o dia tinham que sair dali.
Não havia problemas. Eles tinham grandes planos. Ele seria um mecânico e Madeline procuraria trabalho em uma loja de departamentos.
Obviamente, ele não sabia nada de automóveis, e ela muito menos sobre como conseguir um trabalho, mas as pessoas não pensam nessas coisas quando estão intoxicadas de liberdade.
Depois de duas semanas, o primo mudou de opinião. E no dia em que lhes comunicou sua decisão, o magrelo tatuado também deu a conhecer a sua. Desse modo, Madeline se encontrou com a noite pela frente, sem ter um lugar onde dormir nem uma mão que a sustentasse.
Foi a primeira de uma série de muitas noites assim.
Uma mulher no parque lhe falou de um lugar para desamparados perto da ponte. Por uns poucos dólares ela poderia obter um prato de sopa e uma cama de armar.
Uns poucos dólares era tudo o que ela tinha. Usou sua mochila como travesseiro e sua jaqueta como manta. O quarto era tão barulhento que não conseguia dormir. Madeline virou a cabeça para o lado da parede e pela primeira vez em muitos dias, pensou no rosto barbudo de seu pai e em como lhe dava um beijo todas as noites. Mas quando as lágrimas quiseram brotar de seus olhos, resistiu ao choro. Colocou a lembrança bem fundo em sua memória e decidiu não voltar a pensar em sua casa.
Tinha chegado tão longe que já era impossível voltar.
Na manhã seguinte, a jovem que ocupava a cama de armar ao lado da sua lhe mostrou um punhado de gorjetas que tinha ganho dançando sobre as mesas.
«Esta é a última noite que dormirei aqui», disse-lhe. «Agora posso pagar meu próprio lugar. Disseram-me que estão precisando de mais bailarinas. Venha comigo». Procurou no bolso de sua jaqueta e tirou uma caixa de fósforos. «Aqui está o endereço», disse, lhe entregando um papelzinho.
Só de pensar nisso, o estômago do Madeline começou a revirar. Tudo o que conseguiu fazer foi resmungar: «Vou pensar».
Ela passou o resto da semana nas ruas procurando trabalho. No final da semana, quando tinha que pagar a conta no refúgio, procurou em seus bolsos e tirou o papelzinho. Era tudo o que sobrara.
«Não vou passar esta noite aqui», disse a si mesma, e se dirigiu à porta.
A fome tem sua maneira de enfraquecer as convicções.

*

Se Madeline sabia fazer algo, era dançar. Seu pai lhe tinha ensinado.
Agora, homens da idade de seu pai a observavam. Ela não prestava atenção nesse detalhe, simplesmente não pensava nisso. Simplesmente fazia seu trabalho e ganhava seus dólares.
E talvez nunca teria pensado nisso, se não fosse pelas cartas que o primo lhe levava. Não uma, nem duas, mas sim uma caixa cheia. Todas dirigidas a ela. Todas de seu pai.
«Seu ex-namorado deve ter delatado você. Chegam duas ou três destas por semana», queixava-se o primo. «Mande seu novo endereço». Ah, mas ela não podia fazer isso. Seria encontrada.
Não se atrevia a abrir as cartas. Sabia o que diziam: que voltasse para casa. Mas se soubesse o que ela estava fazendo não lhe escreveria.
Pareceu-lhe menos doloroso não as ler. De maneira que não o fez. Não nessa semana nem na seguinte quando o primo lhe trouxe mais, e nem na seguinte, quando chegou de novo. Guardou-as no guarda-roupa do clube onde dançava, organizadas de acordo com a data do carimbo do correio. Passava seus dedos por cada uma, mas não se atrevia a abri-las.
Na maior parte do tempo Madeline conseguia controlar suas emoções. Os pensamentos do lar e os pensamentos de sua vergonha se fundiam no mesmo cantinho do seu coração. Mas havia ocasiões em que os pensamentos eram muito fortes para conseguir resistir a eles.
Como aquela vez quando viu um vestido na vitrine de uma loja. Um vestido da mesma cor que o seu pai lhe tinha comprado. Um vestido que tinha achado simples demais para ela. Tinha-o vestido contrariada, e parado em frente ao espelho. «Caramba, está tão alta como eu», seu pai havia lhe dito. E quando ele a tocou, ela se enrijeceu.
Ao ver seu cansado rosto refletido na vitrine da loja, Madeline compreendeu que teria dado mil roupas somente para sentir seus braços outra vez. Saiu da loja e decidiu não passar nunca mais por ali.

*

Chegou a época em que as folhas caem e o ar fica frio.
O correio continuou chegando e o primo queixando-se à medida que crescia a quantidade de cartas. Ela continuava decidida a não mandar seu endereço. E continuava sem ler as cartas.
Então, poucos dias antes da véspera de Natal, chegou outra carta. O mesmo envelope. A mesma cor. Mas esta não tinha o carimbo. Nem foi entregue pelo primo. Estava sobre a mesa do quarto de vestir do local onde dançava.
«Faz 2 dias um homem muito robusto veio e me pediu que lhe desse isto», explicou uma das outras bailarinas. «Disse que você entenderia a mensagem».
«Ele esteve aqui?», perguntou ansiosa.
A mulher fez um movimento com os ombros: «Suponho que deve ser ele».
Madeline engoliu em seco e olhou o envelope. Abriu-o e extraiu um cartão.
«Sei onde está», leu. «Sei o que faz. Isso não muda o que sinto. Tudo o que eu disse em cada uma das outras cartas continua sendo verdade».
«Mas eu que não sei o que ele me disse», pensou Madeline. Pegou uma carta da parte superior da pilha e a leu. Em seguida fez o mesmo com uma segunda, e uma terceira. Cada carta tinha a mesma frase. Cada frase fazia a mesma pergunta.
Depois de alguns minutos o chão estava cheio de papel e seu rosto banhado em lágrimas.
Antes de ter passado uma hora, se encontrava a bordo de um ônibus.
«Tomara que chegue a tempo».
Apenas o conseguiu.
Os familiares estavam começando a retirar-se. Joe estava ajudando a avó na cozinha quando seu irmão o chamou: «Joe, tem alguém aqui que quer ver você».
Joe saiu da cozinha e se deteve. Em uma mão, a moça sustentava uma mochila. E na outra, segurava um cartão. Joe viu a pergunta em seus olhos.
«A resposta é "sim"», disse a seu pai. «Se o convite ainda se mantém, a resposta é "sim!"».
Joe engoliu emocionado. «Ah, claro que sim! O convite ainda se mantém!»
E assim, os dois voltaram a dançar nessa véspera de Natal!
Sobre o chão, perto da porta, permanecia jogada uma carta aberta dirigida a Madeline e o rogo de seu pai:
«Quer vir para casa e dançar com seu papai outra vez?»

LUCADO, Max. Ele Escolheu os Cravos. 5.
ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. p. 57 - 66.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Parte dos que ficaram, o legado dos que não atravessaram o ribeiro

Ele já havia passado por poucas e boas, sua juventude é marcada por conflitos dos mais diversos. A cada dia precisava provar para as pessoas que era capaz, não diferente de você nestes dias, sempre tendo que se superar a cada dia, para que as pessoas possam confiar em você. A desconfiança começa na família, uma grande festa é organizada pelo seu pai, um moço que tinha uma capacidade especial estaria na festa, na verdade, esse era o real motivo da festa, a presença do senhor que andava com Deus, o nome desse moço era Samuel. Muitos o conhecia como profeta, outros como vidente, o fato é que Samuel tinha uma habilidade especial para ouvir a voz de Deus. E novamente o descaso, a rejeição bate na porta do coração do jovem ele não recebeu a cortesia, o convite, o ingresso, as entradas para a festa em sua própria casa, perdendo assim, a grande chance de estar perto do vidente, que alias, não possuía uma bola de cristal, mas ouvia a voz de Deus como ninguém. Deus começa um novo processo na vida do jovem Davi e inverte as coisas e o coloca frente a frente com o velho profeta. Deus vai além, interrompe a festa até que Davi estivesse presente, haha... Deus sempre nos surpreendendo. Não havia lugar na mesa para Davi, mas Deus já havia reservado um lugar especial para ele. Já consegue se encontrar na história, você não é diferente de Davi? Muitos convites esperados que não chegaram, muitos lugares que lhe foi tomado, a desconfiança na família, na igreja, etc... Mas tem lugar na mesa do Rei pra você, Samuel vai te encontrar, melhor, vai interromper uma festa e te convidar para ser protagonista. Quando Davi entra, a banda não tocava, as pessoas estavam esperando o que fora esquecido, rejeitado, mas não por Deus, para que a festa recomeçasse. Ao entrar, o velho homem de Deus novamente escuta os céus, era a voz de Deus, voz esta que ele estava habituado, afinal, desde criança quando morava na casa do sacerdote Eli, aprendeu a ouvir a voz de Deus. Deus apenas diz assim para o vidente: "levanta-te e unge-o, pois este é ele".

Mesmo sendo um escolhido de Deus, Davi viveria muitas outras situações de conflitos e grandes batalhas, não diferente do que você tem passado hoje; depressão, stress, pressões por todos os lados, angustia, fracassos, relacionamentos frustrantes, decepções, solidão, vazio, desemprego, crise existencial, família desmoronando e você impotente, sem reação, e tantas outras situações que é melhor parar por aqui. Davi, o escolhido, ainda enfrentaria leões, ursos, e um brutamontes chamado de Golias. É possível vencer e viver uma vida plena, Davi nos ensina assim, enfrenta cada desafio de cabeça erguia, sua fé e confiança estava em Deus, você também foi escolhido por Deus, confie nele e saia deste estado que você se encontra, ele derrubou o brutamontes Golias, você também pode derrubar os gigantes da tua vida.

Um outro momento na vida do jovem se deu numa caverna, enquanto fugia de Saul, um rei que havia sido rejeitado por Deus. Ele busca refugio na caverna de Adulão, quando de repente quatrocentos homens batem o interfone da caverna a procura de Davi. A Bíblia descreve a característica desses homens: "em apertos, endividados, amargurados de espírito", e Davi se fez chefe deles. Quando você estiver pensando estar fugindo ou em busca de uma caverna para se esconder dos problemas, Deus vai te levar a viver um propósito maior, portanto, é melhor sair da caverna, parar de se esconder e enfrentar seus problemas, Deus é maior do que todos eles.

Ele já não é um garotão, está bem próximo dos trinta, sua história é longa, cheia de "apesares", mas com muitos "poréns". Apesar de muitas coisas na tua vida, Deus tem um "porém" para acrescentar na tua história. Davi, apesar de ser rejeitado, apesar de ser o menor de sua casa, porém foi escolhido por Deus para ser rei; apesar de pecar, fracassar algumas vezes, foi o homem segundo o coração de Deus. Não se prenda aos "apesares" que vão surgir na tua vida, Deus sempre tem um "porém" para acrescentar à tua história.

Depois de muitos outros conflitos, guerras, perseguições, e tudo isso antes de se tornar rei, Davi vivencia um momento que me prende a atenção; se dá no capítulo 30 de 1 Samuel. Seus valentes já cansados, muitas batalhas, guerras, além de outras coias; e de repente ao voltar de mais um combate, encontram a cidade de Ziclague saqueada pelos amalequitas, levaram as mulheres, filhos, seus tesouros, e ainda colocaram fogo na cidade, um verdadeiro caos. Os homens choraram até não terem mais forças para tal, uma revolta surge dentro deles, enraivados até o ponto da possibilidade de apedrejar Davi, e Davi muito se angustiou, mas ele fez três coisas e nos deixa uma lição importante:
1 - Davi se reanimou no Senhor. v 6
2 - Davi consultou ao Senhor. v 8
3 - Davi lutou até trazer tudo de volta. v 18-19

Davi sabia das dificuldades, mas sabia que era apenas mais uma, não seria a última e não era a primeira. Chora, lamenta, mas se reanima no Senhor e consulta ao Senhor: "Perseguirei? Alcançarei? Respondeu o Senhor - Persegue-o, porque de fato, alcançarás e tudo libertarás". Não desespere por causa deste teu momento, a cidade pode estar um caos, a família pode estar um caos, sua vida pode estar um caos, tudo te foi tomado, levaram as coisas de valor, mas Deus ainda tem um "porém" para acrescentar a tua história: "Persegue-o, porque de fato, alcançarás e tudo libertarás". Quem tem a palavra final na tua história é o Senhor!

Ainda surgiria outras dificuldades, para alcançar os amalequitas eles teriam que atravessar o ribeiro de Besor, e neste ponto duzentos soldados ficam para traz porque estavam cansados. Quantas batalhas você abandonou por estar cansado? Muitas cobranças e pressões, pessoas exigindo resultados rápidos, uma tensão constante, e então você não conseguiu atravessar o ribeiro, ficou do outro lado. Boa notícia pra você, o comandante peleja por você, Davi atravessa com os outros soldados, dispostos a lutar pelos que ficaram e vencer por eles. Existe alguém que tem lutado por você, que sabe que você tentou, mas estava cansado, afinal de contas, enfrentou muitas batalhas, e por isso não conseguiu atravessar. Existe uma parte para os que ficaram, um legado para os que não atravessaram o ribeiro. 

O inimigo em festa, quando Davi e quatrocentos soldados interrompem, é o decreto da restituição. A festa não termina bem para o inimigo, Davi chegou. Você vai chegar, o inimigo não vai ter muito tempo para fazer festa sobre sua situação, tudo lhe será devolvido, é a tua parte, o teu legado. "Assim Davi salvou tudo, não faltou nada, tudo Davi tornou a trazer". E os que ficaram além do ribeiro? Davi não zombou deles, não humilhou, cobrou, ou outras coisas, ele sabia que eles estavam cansados, os saudou cordialmente, soldados feridos não são abandonados, não ficam para traz, os que ficaram eram os mesmo que lutaram por Davi diversas vezes, agora era hora de retribuir, Davi luta por eles. Você luta por alguém, quando você cansar, Deus levanta um Davi para lutar por você.

Talvez você esteja cansado, talvez esta seja tua história hoje, mas o general maior te enxerga lá do céu, não vai te abandonar. Davi reparte igualmente os despojos, "qual é a parte dos que desceram a peleja, assim será a parte dos que ficaram. Receberão partes iguais". É tempo de ressurgir, levantar, você não atravessou o ribeiro, ficou do outro lado, mas a tua porção já esta preparada, é o momento de voltar ao campo de batalhas, encarar os problemas e surpreender com o que Deus pode fazer através de você. A parte dos que ficam, o legado dos que não atravessaram o ribeiro. 

Em Cristo, 
Pr. Cássio Caio